quarta-feira, 4 de março de 2009

O Casamento

Eu estou com um vestido preto, curto, muito sensual; e salto alto. A outra mulher – que não parece convidada – está vestida casualmente. É uma senhora de meia-idade, um pouco gorda, branca, de aspecto triste e inseguro.
Ela e eu sentamos no fundo da igreja – ela uns três bancos à minha frente, deslocada um pouco para esquerda. O casamento ainda não começou e ela já está aflita. Entre nós há um inseto, que acabou de cair do ar e se debate com as perninhas viradas para cima. Ele grita em silêncio enquanto nós esperamos a noiva.
As portas se abrem, começa a música, nós nos levantamos, os padrinhos iniciam sua entrada. A senhora triste está tímida agora, tentando controlar sua melancolia crônica e o nervosismo que esta ocasião lhe provoca. O inseto continua ali, sabendo que morrerá em pouco tempo – ao som de um réquiem – e eu estou fingindo que não vejo tudo isso com os olhos virados para o corredor central.