sexta-feira, 16 de novembro de 2012

A Folha Solta


Atacada de liberdade,
Perseguiu-me desesperada,
Rolando suplicante pelo chão.
Dei de banda, pois,
Não queria ouvir o seu lamento.

Porém, quando bateu à porta a noite,
A notícia: a folha estava morta.
E foi de golpe de vento.
Seu cadáver na minha porta,
Com a culpa indesculpável a seu lado
Indagando-me:
Por que não acudi a tempo?

Sem razão, e já com a infeliz sobre a mão,
Disse-lhe baixinho, envergonhada:
Não entendi que clamava pela árvore mãe,
Tomei-lhe por vegetal a lastimar a independência.

Hoje, na tarde de ventania – eu não sabia –
Fui seguida por uma folha livre
Que morria...

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Da matéria


E as horas que caem dos telhados
deixam cruas as distâncias entre meus lados.
Vida de misturas viscosas,
envelhecendo acordada (não cozida)
dentro da geometria temporal
dessa esperança lúdica,

talhada humores lúbricos,
na gosma desvairada de coisas infinitas: 

Sentido Mundo.      

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

De dores, as mais delicadas

Sabe do que eu precisava?
Eu precisava da ajuda de uma estrela triste.
Aprender como ficar pequenininha, pequenininha,
até desaparecer.

Saber como apagar, apagar,...
no dever de ser fiel somente à discrição deste universo escuro.
Só sou
Não sei
Um coração a bater a esmo.