segunda-feira, 27 de agosto de 2018

Poema para a covardia dos tempos

Só sei que quando é para
Ser do jeito que a gente quer
A gente faz dar certo
Nem que o certo seja errado.
Faz dois mais dois virar cinco
Faz mosquito virar brinco
Faz besteira parecer inteligência
Torna caixa de marimbondo, chapéu.

Só sei que se for para
Ser do jeito que a gente quer
Até mais burro a gente fica
Tapa o sol com a peneira,
Coloca a viseira
Grita para não ouvir!

Do jeito
Do jeitinho que a gente quer
Acreditar (para não morrer de medo)
A gente vai
Plantando pedra
Dando cabo da felicidade.

domingo, 11 de março de 2018


Sou uma fêmea
Fêmeas não têm direitos
Fêmeas não são gente
Fêmeas são máquinas da natureza
Cativas da vida, cativas de homens, cativas de crias, cativas de família, cativas do sistema.
Produtoras de carne, produtoras de sangue, produtoras de alimento e força de trabalho
Reprodutoras
Vacas, porcas, cadelas...
Só as putas são mulheres,
Só as bruxas são humanas.    
E só as filhas de uma puta mostram os dentes pela própria liberdade.