segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Todas as paredes tinham que ter seus ninhos...
Para que em dia escuro,
Sob nuvens de chumbo,
a gente pudesse se esconder do sol que impinge nossa sina:

Dói,
mas o que?
Escorre,
mas para onde?
Quebra,
e não vejo os cacos...

Preciso pertencer a vidas velhas.
Preciso.
Preciso de tecidos mortuários
contornando minha pele
Flores duras
Que do meu corpo saia o líquido
Que os ossos se depositem silenciosos e obedientes
(restritos)
sobre um chão escuro e tardio.

...

Olhos de folia, não por cima de mim!
Bocas de desejo
rasgadas em sorriso,
para fora das minhas lágrimas
Cães de marfim,
tenham piedade.
Hoje sou só um ser descarnado e cego
Gritando na mudez de entranhas tristes

Esqueçam-se de mim, mas esqueçam com compaixão.
Lembrem-se de mim, mas lembrem-se quando houver mar e ventania.
Amem-me, mas como quem ama a fatalidade da folha desgarrada do galho,
aquilo que não pode ser mudado,
os cabelos da medusa,
os encantos do destino,
os feitiços naturais.