sexta-feira, 3 de julho de 2009

O vento

O vento passa e vai levando tudo que até hoje chamei eu.
Não sabia que era feita de cores fortes, móveis, cachorro, sorrisos dos outros - tão queridos! -, de uma pele cheia de manchas, pintas e cravos - que ela costumava chamar de couro de porco - mas sem rugas (sorrio quando lembro).
Não sabia que era feita de uma idéia de mim mesma que só tinha sentido quando tudo estava em seu lugar.
A voz dela, a casa dela, a música do seu violino e da sua flauta...O vento está levando tudo e eu me desfazendo como estátua de areia.
Ainda tento respirar, mas o ar está vazio.

Nunca foi tão nítido o tempo, o desgaste, o verbo ir, o nada, o não.

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