quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

O Deus Bailarino

Chovia sem espaço entre as gotas. O barulho d’água não permitia que ninguém conversasse: estavam todos hipnotizados, como a platéia esperando o clímax da ópera. A chuva se impunha forte e impávida dominando todas as criaturas. Não tardou, e um grande rio levantou correndo da encosta; feliz, descia rindo e agitando suas bandeiras. Ninguém conseguia amar naquela hora, eram todos o desengano: o medo de Deus, a consciência de sua miséria. Mas havia um – e apenas um – que respirava aquela tormenta: Nijinski, que dançava e dançava, celebrando a chegada dos pais.

Nenhum comentário:

Postar um comentário