segunda-feira, 24 de setembro de 2012


Esse negócio de poesia é meio briga.
Briga com qualquer pedaço de pão,
lamela, trunfo ou bateria.
Quando a gente quer um sonido a mais
um beijo no cais,
a troca do hoje pelo amanhã de ontem
e todas aquelas coisinhas que vagam pelo interstício do sonho das calçadas.

Um estalido de não sei
Um roça-roça de alfinetes coloridos
Nas tranças de um céu carapinhado.
Um chupão de marimbondo caboclo
Que faz dor mas mela o sangue de euforia: “tô vivo e com raiva!”

Esse negócio de poesia é meio briga
Briga com qualquer sabedoria que
Não sinta o bocado de bagunça
Do dia que enfia outro dia
No fundo da noite imparcial.
Com qualquer sabedoria desentendida
Dos bichos nadadores que flutuam em nossas sombras,
Tornam o nicho o bucho da baleia encantada
das horas-faísca
E nos contam da letal perseverança celular 
nos olhos abertos, perplexos, de vagar.   

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